O candidato de Bolsonaro queima a largada em Sorocaba

O ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas, candidato do presidente da República ao governo do Estado de São Paulo, reuniu-se com dirigentes de cinco associações PM hoje de manhã, em Sorocaba, a convite do deputado federal Guilherme Derrite. O candidato queimou a largada ao dizer que não entende nada de Segurança Pública e ao trazer à reunião o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, possível candidato ao Senado.

Admitir ignorância em Segurança Pública preocupa mas não tanto, afinal o plano para esta área ainda será desenhado e pelo menos dois especialistas estarão na equipe: o deputado federal Guilherme Derrite e o ex-vereador de Campinas, Tenente Santini. Ao governador, basta concordar – mas, como assim, se não entende de Segurança Pública? O problema do candidato será explicar à parte não-bolsonarista da Polícia Militar quem é Ricardo Salles na ordem do dia, que peso tem sua opinião e qual é ou será seu papel na equipe que vai tentar levá-lo ao Bandeirantes.

Esta é a parte que preocupa. Na reunião de hoje, em meio aos palavrões de costume, o ex-ministro não poupou ex-comandantes-gerais da Polícia Militar (“que chegaram perto do poder, gostaram de ter Corola e motorista à disposição e passaram a trabalhar para si próprios.”), repetiu que o PSDB não gosta de Polícia e elogiou-se ao contar que levou para o Ministério do Meio Ambiente alguns oficiais da PM paulista, o que não é mérito nem resolve o problema dos policiais militares de maneira geral.

O grande problema é o que Salles disse depois, quando referiu-se a salário. Para o ex-ministro e possível candidato ao Senado, a dificuldade em corrigir a atual situação salarial está no tamanho da Polícia Militar.

Salles repetiu o que disse o secretário da Justiça e Cidadania do governo Doria, Fernando José da Costa. Em 22 de novembro do ano passado, ao participar do programa “Pânico”, da Jovem Pan, o ex-advogado particular de João Doria disse que “São Paulo não paga melhor suas polícias em razão da quantidade de policiais”. Para o secretário, não é possível estabelecer em São Paulo política salarial de estados que têm 10 mil policiais porque em São Paulo são 130 mil!

O secretário de Doria recebeu críticas de todos os lados. O Estado de São Paulo é responsável por gerar 40% do PIB nacional, está com o caixa jorrando dinheiro, segundo o secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, e vai investir em obras de infra-estrutura para alavancar a candidatura Doria à presidência da República. Falar em tamanho da PMESP para justificar baixos salários é simplesmente má-fé.

O ministro-candidato não corrigiu seu ex-colega de Brasília. Limitou-se a dizer que não se conforma com o que se paga aqui, no Estado mais rico na nação, aos policiais militares. E afirmou ter certeza de que “alguma coisa” poderá ser dada.