Representantes de Associações PM reúnem-se com SSP. De novo, o mais do mesmo de sempre.

A reunião dos representantes de Associações PM com o Secretário da Segurança Pública e o comandante-geral da PM, realizada na manhã de hoje, 15, foi aquilo que muita gente já esperava: o mais do mesmo de sempre, mas hoje por um motivo muito simples. A FERMESP – Federação de Entidades Representativas dos Militares do Estado de São Paulo havia solicitado a reunião com o governador João Doria para discutir o programa “Retreinar”. Recebeu a oferta de reunir-se com o secretário da Segurança Pública, General João Camilo Pires de Campos; com o secretário-executivo Cel PM Álvaro Batista Camilo; e com o comandante-geral da Polícia militar, Cel PM Fernando Alencar Medeiros.

O Cel Camilo disse à Sentido! que “foi uma reunião muito boa, onde se falou de vários assuntos.” A reportagem conversou com quatro representantes de Associações que participaram. Em resumo, a reunião serviu para tudo – menos para discutir aquilo para a qual fora agendada.

Falando para veteranos da Polícia Militar, o secretário fez um longo discurso sobre a história da PM, seus valores e o que ela representa para a Sociedade. Quando franqueou a palavra para os presentes, ouviu do presidente da FERMESP, Cel PM Antonio Chiari, que a reunião seria pouco produtiva porque quem deveria estar à cabeceira da mesa era o governador João Doria, não o secretário. O General João Campos conhece a Polícia Militar e os problemas dos policiais militares. Os discursos deveriam ser endereçados ao governador, que parece não conhecer a Força.

Reunir-se com representantes de entidades, aliás, foi uma oferta (ou promessa?) do governador na reunião realizada no Palácio dos Bandeirantes no dia 24 de outubro do ano passado (fotos abaixo). Na ocasião, Doria recebeu as Associações mais para acabar com o mal-estar gerado pelo episódio de Taubaté, quando chamou os veteranos da Polícia Militar de “vagabundos”, do que para resolver os problemas dos policiais militares. Naquele 24 de outubro, Doria disse que chamaria todas as Associações filiadas à FERMESP para participar de reunião trimestral com ele para “discutir questões de interesse dos militares estaduais”, e fixou o mês de janeiro deste ano para o primeiro encontro. Até ontem, os convites não haviam chegado.

À reunião de hoje, na verdade, os representantes de entidades PM compareceram por uma questão de educação. Frustrados por não poder discutir o tema “Retreinar” com quem deveria ouvir as críticas, pontuaram os discursos com as reclamações de sempre sobre a situação financeira dos policiais militares, falta de reajuste salarial e sobrecarga de trabalho – o que o secretário tirou de letra ao responder que este é um tema esgotado por ora que só será retomado no final do ano que vem por conta das medidas contra a pandemia do novo coronavírus. Sempre ela!

Sobre o tema anunciado aos quatro ventos durante a semana, o secretário disse apenas que o “retreinamento” está sendo preparado. Ponto final. Os representantes das Associações PM não fizeram perguntas. Mas o presidente da FERMESP, que também é presidente da AOPM, foi incisivo ao reiterar os termos do Ofício enviado ao governador João Doria no dia 30 do mês passado. No documento, a Federação deixou claro o que as entidades e os policiais militares pensam a respeito do “Retreinar”: a “infeliz expressão representaria uma abominação inaceitável a profissionais sérios e dedicados a atividades com riscos às próprias vidas.” Chiari disse hoje ao SSP que não pode aceitar que os policiais militares tenham de ser retreinados.

Para não falar que tudo serviu para nada, ficou a fala do presidente da Associação dos Oficiais de Saúde, Cel Méd PM Gilberto Jorge Curi, sobre a necessidade de investimentos para oferecer ajuda psicológica e psiquiátrica aos policiais militares. Curi mostrou um cenário que não deixa espaço para contestações, no que foi seguido por todos os presentes. O secretário reconhece o problema.

Representando a DEFENDA PM, o Cel PM Ernesto Puglia Neto, diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da Polícia Militar no período junho/2016 a setembro/2017, propôs ajuda pessoal e da Associação para projetos que possam mitigar o sofrimento dos policiais militares. Pela reação do secretário e de seu imediato, a oferta foi bem recebida e deve motivar encontro em breve para ser discutida. Quem sabe do nada saia alguma coisa! Para sair, evidentemente, o governo precisa baixar a crista e ouvir.